“Não!!” Para mudar de direção 

“Não!!” Para mudar de direção 

Desde que a Margarida ficou doente passámos a usar o nosso tempo livre para fazer todo o tipo de pesquisas sobre a doença: O quê? Como? Onde? Porquê? Quem? 

Estudámos quase tudo, procurámos saber quem são as pessoa mais conhecedoras, onde as coisas se passam, onde acontecem e como acontecem.

No entanto, precisávamos de mais pormenores e esclarecimentos essenciais para saber se conseguimos uma longa vida para a Margarida. Obviamente, fizemos os contactos com essas pessoas do meio.

Devemos ter enviado centenas de e-mails: a centros de investigação, a universidades, a farmacêuticas, a associações de todos os tipos, a grupos de trabalho, a médicos, etc. Escrevemos para Portugal, EUA, UK, Alemanha, França, Espanha, Japão, Suíça, etc.. 

Pedimos pareceres à CNPD (Comissão Nacional de Proteção de Dados) para saber se as perguntas que pretendíamos fazer em Portugal podiam ser respondidas. Disseram que sim!

Depois de tanto e-mail escrito e de tantas perguntas feitas, havia evidentemente ansiedade nas respostas.

Na grande maioria houve um denominador comum nas resposta: a ausência delas.

Terrível esta sensação de esperança que sentimos… de que “aqueles” cientistas que investigam a doença e que aparentam ter resultados promissores, ainda nos vão responder…. mas… já passaram 2 meses e nada…  lembro-me que comecei a conversa do e-mail dizendo que já tinha estado na terra deles, na do “Sol Nascente” e naquela mesma ilha onde Wenceslau Moraes se apaixonou e escreveu “Cartas do Japão” ou “Culto do Chá” mas…nem isso terá valido para a reposta, que nunca chegou.

Nunca pensámos vir a gostar da palavra não. 
Obviamente que a positividade do “sim” é sempre plena de felicidade e de sucesso.

Mas… um “não” permite, imediatamente, mudar de direção e esquecer aquela linha de ação.  Para quem o tempo é curto e parece passar depressa demais, a objetividade centra-se na rapidez de uma resposta, seja qual for.

Penso que quem recebe um e-mail de um pai ou mãe de uma criança que tem o seu tempo “a descontar rapidamente” não entende que naquela escrita que tenta mostrar calma e sobriedade, esconde a ansiedade e o pavor de perdermos os nossos.

A que se deverão estas ausências de respostas?  Terão receio de dizer “não”? Acharão o “não” um ato de insensibilidade e preferem não responder? Estarão assoberbados de trabalho? Serão insensíveis? Esqueceram-se de responder? Não podem responder? 

Pensamos que será de tudo um pouco.

Era tão simples um “não”: Não sabemos! Não fazemos! Não temos recursos! Não queremos! Não podemos! Não nos apetece! Não, não e não! A esperança naquela resposta acabaria e o nosso olhar e atenção seriam imediatamente colocados noutra direção.

Uma das pessoas que nos respondeu, foi um dos maiores neurocientistas mundiais que, num longo e-mail, com a compreensão, pedagogia, objetividade e elegância digna do verdadeiro “English Gentleman” que é, dizia que: “…ainda não…”

O “não” é claro e é objetivo, o “não” permite mudar de estratégia, alinhar os vetores de ação e procura a solução noutro lugar. 

Seja como for, “desistir não será opção” e continuaremos a escrever até receber “sim” ou “não”.