“Conta só as horas alegres!”

“Conta só as horas alegres!”

De onde vem a força para eu conseguir contar apenas as horas alegres?

Esta semana tive a certeza absoluta de onde vem.

Tenho uma família de 14 tios direitos, só do lado do meu pai, e 30 primos direitos, já nem vou contabilizar os filhos dos primos que “são mais que as mães”, literalmente. Somos muito unidos, estamos juntos várias vezes por ano. No grupo do whatsapp dos primos somos 25 e todos os dias há dezenas de mensagens. Normalmente as mensagens começam com “Bom dia”, depois com fotografias “onde estou?” e acaba com uma anedota ou alguns vídeos de música, de apanhados. Partilhamos também fotografias antigas, postais dos nossos avós e pais, textos publicados em jornais, escritos por algum Prazeres. Claro que uns dias mais frenéticos que outros!

Somos uma família feliz e unida onde valores como solidariedade, humildade, fraternidade, tolerância, compaixão, otimismo, amizade e lealdade foram, muito bem, passados pelos nossos queridos avós.

Esta semana, infelizmente, faleceu mais um tio Prazeres, agora são só 10.

Visto por uma questão matemática, a morte estará muito presente na nossa família. Quantos mais elementos houver mais mortes haverá, é um facto. Vidas que vamos perdendo, mas memórias que vamos guardando. O meu tio tinha 90 anos, deixou 6 filhos maravilhosos e netos fantásticos. Fechou um ciclo. A morte foi apenas um momento da sua longa vida.

Após a sua morte, o meu primo partilhou este texto que o meu tio escreveu para o jornal de Almeida, Vila onde viveu parte da nossa família.

Foi quando tive a certeza que é desta família que vem o meu espírito positivo!

Como “compete” a quem já tem mais de oitenta anos, comecei a “arrumar” coisas que fui arquivando ao longo da vida. No meio da papelada apareceu-me um cartão ilustrado com a foto de um relógio de sol. Tem uma legenda em língua alemã, mas, por sorte, tem anexada a tradução que é:
“Faz como o relógio de sol!
Conta só as horas alegres!”
Aproveitei a ideia para a “conversa” que hoje quero dedicar aos leitores que têm tido a paciência de me aturar.
Não há dúvida que a vida parece ser, às vezes, um “vale de lágrimas”! Basta ouvir noticiários, ver as discussões sobre os problemas que, a todos, causam apreensões. Mas, sejamos justos! Se olharmos para o lado reparamos que há alguém que parece estar pior que nós. Por isso mesmo, para que não nos sintamos derrotados ou oprimidos pelas vicissitudes da vida, atrevo-me a propor aos caríssimos Almeidenses um desafio:
“CONTEMOS SÓ AS HORAS ALEGRES!” como o relógio que só com a luz do Sol pode dar horas! Mesmo que haja escuridão à nossa volta ou que algum nevoeiro obscureça o nosso sol tentemos, nesses momentos, pensar nas coisas boas que já usufruímos durante a nossa vida.
Para o Natal e para o próximo ano, peço a Deus que todos os leitores do nosso “Praça Alta” tenham Lá em Almeida uma longa vida com muitíssimas horas alegres para contar, de tal forma que, por maiores que sejam as “falhas” do Sol, todos consigamos ir em frente de cara alegre, não esquecendo nunca que, só assim, poderemos dizer a plenos pulmões:
“VAMOS! ALMA ATÉ ALMEIDA!”

In, Jornal Praça Alta nº 197, 13 Dezembro 2011