Poderá o relato da perda de um filho ser inspirador!?

Já não falava com a Lúcia há imenso tempo. Lúcia sempre foi uma mulher de grande atividade na luta contra a Tay Sachs no Brasil. Resolvi enviar uma mensagem porque tinha boas notícias para toda a nossa comunidade de língua portuguesa.

A Lúcia responde-me que o Fernando, filho por quem lutou tão intensamente, “já havia partido“

Desfiz-me em desculpas por não ter acompanhado, como devia, uma amiga que nunca vi mas com quem partilhei tanta conversa intensa, confidente e por vezes desesperada.

A resposta esmaga-me, encanta-me, inspira-me , emociona-me, enternece-me , equaciona-me, ilumina-me e encoraja-me…

 

“(…) Não se sinta mal, até porque aqui apesar das saudades estamos bem, certos que o Fer está muitíssimo melhor do que aqui.

Perdê-lo foi uma surpresa porque ele estava bem, sem internamentos por mais de 3 anos, sem crises, poucos medicamentos … muito bem dentro da realidade.

Mas numa bela manhã ele não acordou. Tinha sido uma noite de inverno rigoroso aqui, muito frio … eu acordei para lhe trocar a fralda, ele estava seco, mas com frio … daí deitei-me bem junto dele, coloquei os dois pezinhos entre as minhas pernas, dei um braço para ele se deitar e o abracei com o outro, dormi e quando acordei pouco tempo depois, ele ainda estava quentinho … mas já havia partido. Difícil, mas foi uma despedida que nem eu imaginava ser digna.”